Quem fuma socialmente, isto é, somente quando bebe ou sai com os amigos no fim de semana, costuma achar que está fazendo menos mal à sua saúde do que quem fuma diariamente. Mas, segundo o pneumologista Sebastião de Oliveira Costa, médico cooperado da Unimed João Pessoa, o problema está exatamente em pensar assim. "Como o tabagista que só fuma nos fins de semana é convicto de que não é dependente e acredita que o cigarro não afeta sua saúde, é muito complexo convencê-lo a largar o vício", explica.
Em longo prazo, no entanto, sofrerá as consequências do vício. Para ter noção dos malefícios ocasionados pelo cigarro, ele é responsável por 2,5 mil mortes por ano só no Estado. Atualmente na Paraíba, existem mais de 550 mil fumantes.
De acordo com Sebastião Costa, que é coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Paraibana de Pneumologia e Tisiologia, em cada grupo de 100 bebedores sociais, 15 vão se tornar alcoolistas. No tabagismo, a situação é mais complexa: de cada 100 que experimentam o cigarro, 70 vão ter muita dificuldade para se desvencilhar da nicotina.
O médico informou que a maioria dos que procuram o consultório dele para largar o cigarro são tabagistas de consumo médio (20 cigarros/dia). Em seguida, vêm os fumantes "pesados", mas tem muita gente com um consumo de menos de 10 cigarros/dia que necessita de um suporte para conseguir se livrar da nicotina.
"Em qualquer um desses casos, se o tratamento for bem conduzido - é importante sempre observar o perfil emocional -, o percentual de sucesso é bastante estimulante", explica o médico.
DIA DE COMBATE AO FUMO
Nesta quinta-feira (15), é comemorado na Paraíba o Dia Estadual de Combate ao Fumo. A data, que foi instituída em 2007, se constitui em mais uma estratégia de luta contra o tabagismo no Estado, que é considerado o terceiro em número percentual de fumantes. Só perde para o Acre e o Rio Grande do Sul.
A situação preocupa. O fumo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos (boca, laringe, pâncreas, rins e bexiga, além do pulmão, colo do útero e esôfago).
Dos seis tipos de câncer com maior índice de mortalidade no Brasil, metade (pulmão, colo de útero e esôfago) tem o cigarro como um de seus fatores de risco.
Além disso, o cigarro é responsável por 30% dos casos de infarto do miocárdio, 85% das doenças pulmonares e a cada 100 casos diagnosticados de câncer no pulmão, 90 estão relacionados ao consumo da droga.
SUBSTÂNCIAS
O cigarro pode causar cerca de 50 doenças diferentes, especialmente problemas ligados ao coração e à circulação, cânceres de vários tipos e doenças respiratórias. A cada tragada, são inaladas mais de 4700 substâncias tóxicas. Entre elas, três são consideradas as piores.
A primeira é a nicotina, que provoca dependência e chega ao cérebro mais rápido que a temida cocaína, estando associada aos problemas cardíacos e vasculares (de circulação sanguínea). A segunda é o monóxido de carbono (CO), aquele mesmo que sai do cano de escapamento dos carros. Ele se combina com a hemoglobina do sangue (responsável pelo transporte de oxigênio) e acaba reduzindo a oxigenação sanguínea no corpo.
É por causa da ação do CO que alguns fumantes ficam com dores de cabeça após passar várias horas longe do cigarro. Nesse período de abstinência, o nível de oxigênio circulando pelo corpo volta ao normal e o organismo da pessoa, que não está mais acostumado a esse "excesso”, reclama por meio das dores de cabeça. A terceira substância tida como grande vilã é o alcatrão, que reúne vários produtos cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio.
Todo câncer relacionado ao fumo - como na boca, laringe ou estômago - tem alguma ligação com o alcatrão. A união desse poderoso trio de substâncias na composição do cigarro só poderia tornar o produto extremamente nocivo à saúde. Para se ter uma ideia, 90% dos casos de câncer de pulmão - a principal causa de morte por câncer entre os homens brasileiros - estão ligados ao fumo.
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